10 maio 2006

Entidades denunciam política higienista de Serra/Kassab

Pastorais da Igreja Católica, movimentos sociais e ONGs divulgaram no começo desta semana uma carta aberta para denunciar a política de violência da Prefeitura de São Paulo contra a população moradora na rua.

Na carta, entidades como a Pastoral da Moradia e o Movimento Povo da Rua destacam atitudes da administração de Serra e Kassab, como despejos violentos de ocupações, violência policial e psicológica e a proibição do trabalho dos catadores de materiais recicláveis.

As dezenas de entidades que assinam a carta exigem, para o ressarcimento do direitos da população de rua, maior participação na construção de políticas públicas, atuação integrada das Secretarias Municipais com os movimentos, livre acesso às ruas e ao centro da cidade para os moradores de rua e fim da opressão da população empobrecida do centro.

Leia abaixo a carta:
CARTA ABERTA À POPULAÇÃO DA CIDADE DE SÃO PAULO

Nós, integrantes das Pastorais Sociais da Arquidiocese de São Paulo, dos Catadores de Materiais Recicláveis e do Povo da Rua, denunciamos as diversas ações que vêm violando constantemente direitos do povo pobre de nossa cidade.

DESTACAMOS ALGUMAS VIOLÊNCIAS:

1. O poder público municipal da cidade de São Paulo tem feito despejos violentos de ocupações do centro com o uso de violência policial, sem uma política de acolhimento ou políticas voltadas à moradia popular, além de interromper projetos de moradia em andamento.

2. Essa prefeitura tem realizado a expulsão da população pobre do centro de São Paulo usando, para isto, diversos mecanismos como: o custeamento com dinheiro, pressão psicológica ou violência policial.

3. Proíbe, ainda, o trabalho dos catadores de materiais recicláveis dificultando a organização de cooperativas solidárias e legítimas de catadores, impedindo esses trabalhadores de lutarem por seus direitos e inibindo as lideranças na organização dos grupos.

4. A administração pública está expulsando do centro, com violência policial, mulheres em situação de marginalização, utilizando o falso argumento de que todas estão ligadas ao tráfico de drogas.

5. A população de rua continua sendo ameaçada e assassinatos acontecem com freqüência, além dos albergues estarem sendo transferidos para as periferias da cidade.

6. Com o argumento de um suposto embelezamento da cidade, a prefeitura de São Paulo pratica uma política higienista agredindo a dignidade humana de nossa população e criminalizando a pobreza.

DIANTE DISTO, EXIGIMOS:

• A participação na construção de políticas públicas com um diálogo franco, direto e constante com a prefeitura.

• A atuação integrada das Secretarias Municipais para buscarmos juntos/as soluções eficazes para a inclusão de pessoas que foram excluídas da nossa cidade.

• Livre acesso às ruas e ao centro da cidade.

• Fim da opressão e repressão da população empobrecida do centro.

Temos direito de trabalhar, morar e organizar nossa vida no centro da cidade de São Paulo, local onde sempre estivemos. A firmeza permanente na luta e conquista de nossos direitos vai prosseguir! Não se iludam os que pensam que abriremos mão do que é nosso!

Assinam: Pastoral Operária, Pastoral da Mulher Marginalizada, Pastoral da Moradia, Pastoral do Povo de Rua, Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis, Movimento Povo da Rua, Pastoral Indigenista, Pastoral do Menor, Pastoral da Juventude, Movimento Fé e Política, CEBs, Conselho Indigenista Missionário, Serviço Franciscano de Apoio à Reciclagem, Cooperativa de Catadores do Glicério, Organização de Auxilio Fraterno, Casa da Solidariedade do Ipiranga, Pastoral dos Migrantes, Conselho de Leigos da Arquidiocese de São Paulo, Pastoral da Criança, Cedeca, Pastoral Afro, Pastoral da Sobriedade, Pastoral Carcerária.
Apóiam: Irmãs Catequistas Franciscanas, Grupo Justiça e Paz Irmã Dorothy, Padres Oblatos de Maria Imaculada, Serviço de Paz, Justiça e Ecologia do Brasil, Educação de Carentes e Afro-descendentes, Serviço Franciscano de Solidariedade.


Do Portal do PT-SP (www.pt-sp.org.br)

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