Nota divulgada quinta-feira (23) pelo deputado estadual mineiro Rogério Correa (PT) acusa o PSDB e o PFL de utilizarem-se de "ameças intimidatórias" para tentar sufocar qualquer investigação sobre os políticos citados na chamada Lista de Furnas.
A lista, que veio a público no início deste ano e é investiga pela Polícia Federal, relaciona o nome de 156 políticos que teriam recebido dinheiro da estatal, em 2002, supostamente para campanhas eleitorais.
Todos faziam parte da base de apoio do então presidente Fernando Henrique Cardoso. Entre os citados, 82 são do PSDB e do PFL.
Leia abaixo a íntegra da nota:
Belo Horizonte, 23 de março de 2006.
Em relação às bravatas e ameaças feitas ontem, quarta-feira, dia 22, pelos senadores Arthur Virgílio e José Agripino Maia, na tentativa de sufocar as apurações referentes ao caixa dois do PSDB e PFL em 1998, através do senhor Eduardo Azeredo, e em 2002, através de Furnas, esclareço que:
1 - De posse de cópias da lista de Furnas, entreguei-as ao Ministério Público Estadual e a Polícia Federal para apuração;
2 - Ressalto que minha postura, desde o início das investigações, foi de corroborar com o andamento das mesmas, cumprindo uma das funções do Legislativo: a de fiscalizar. Informo, ainda, que o Sr. Carceroni, de posse das mesmas cópias, protocolou representações na PF, MP, Controladoria Geral da União, Senado e Câmara Federal para que fossem averiguadas. Dessa forma, faz-se necessário impedir que fatos isolados sejam usados para manipular a informação;
3 - O PSDB e o PFL, através dos líderes Arthur Virgílio e José Agripino Maia, querem "sufocar" as investigações sobre Furnas e proteger seus correligionários denunciados por formação de caixa 2, utilizando- se de ameaças e ações intimidatórias, em especial em relação ao professor Carceroni. Se desejam realmente averiguar a verdade, que me convoquem para depor na CPI, onde mostrarei tudo o que já apurei em relação ao valerioduto e ao dimasduto dos tucanos;
4 - O conteúdo das denúncias apontam a necessidade de continuar as investigações e não ações diversionistas, que tentam tirar o foco das graves irregularidades já comprovadas em Furnas. Exemplos destas irregularidades é a realização, sem licitação, de inúmeros contratos e aditamentos realizados entre Furnas Centrais Elétricas e diversas empresas citadas pela referida lista. Muitos desses contratos já vêm sendo investigados, entre eles os realizados com as empresas Bauruense Ltda - que conta com participação acionária da filha de Dimas Toledo e, segundo a imprensa, com fortes laços com o senador Álvaro Dias - e Toshiba, ambos os casos já noticiados. A primeira chegou a faturar R$ 800 milhões em apenas três anos com seu contrato com Furnas. Já a Toshiba teve seu envolvimento confirmado pelo ex-executivo da empresa José Antônio Talavera. Ele afirmou, em depoimento à Polícia Federal, que teriam sido cobrados da empresa US$ 5 milhões de propina para que ela pudesse construir duas usinas termoelétricas - em Campos dos Goytacazes e São Gonçalo, ambas cidades no Estado do Rio de Janeiro - para Furnas;
5 - Estes fatos, somados à confissão do ex-deputado Roberto Jefferson de ter recebido R$ 75 mil de Furnas e à afirmativa do jornalista Ricardo Noblat (em seu blog, no dia 21/01), de que ouviu de um deputado paulista, sob a condição de não revelar seu nome, que ele também recebeu R$ 75 mil de Toledo, reiteram a necessidade de se realizar uma profunda investigação sobre as denúncias envolvendo Furnas Centrais Elétricas, independentemente da autoria da Lista de Furnas. As investigações sobre a autoria da lista devem existir e o Sr. Nilton deve apresentar os originais. Porém, esse fato não pode servir de estratégia para desviar a atenção, evitando-se assim a averiguação e punição dos responsáveis pelo desvio de milhões de reais de recursos públicos;
6 - Um exemplo visível dessa estratégia é falta de interesse da CPI em investigar um outro documento entregue à PF pelo Sr. Nilton. Esse documento inclui provas do caixa 2 realizado pelos tucanos durante a campanha de reeleição do então governador do Estado de Minas Gerais, Sr. Eduardo Azeredo. O documento periciado pela Polícia Federal confirmou que a assinatura do então coordenador financeiro da campanha, Sr. Cláudio Mourão, é verdadeira e não há montagem. Esses documentos atestam o custo de R$ 100 milhões na campanha, R$ 91 milhões de caixa 2, sendo que R$ 53 milhões foram repassados pela SMP&B e DNA, empresas de Marcos Valério e que foram utilizados, inclusive, recursos advindos de estatais como Cemig (R$ 1.673.981,90), Comig (R$ 3.000.000,00 - 2x R$ 1.500.000,00), Copasa (R$ 1.500.000,00), Bemge (R$ 1.000.000,00), Crédito Real (R$ 1.000.000,00), Loteria Mineira (R$ 500.000,00) e R$ 2.000.000,00 da administração direta, totalizando R$ 10.673.981,90 de dinheiro público;
7- Se os senhores Virgílio e Agripino desejarem tomar ciência ao menos do mínimo da verdade, sugiro que requeiram à Polícia Federal os dois laudos: o primeiro assinado por Cláudio Mourão, feito a partir do original; e o relativo à Furnas, não conclusivo pois realizado a partir de uma cópia autenticada. Este último diz que existem convergências entre a assinatura do ex-diretor geral da estatal Dimas Toledo e aquela do documento que registra beneficiários e contribuintes do caixa 2 de R$ 40 milhões arrecadado pela empresa nas eleições de 2002. Em tempo, o documento foi autenticado pelo 15º Ofício de Notas e também pelo 4º Ofício de Notas, ambos do Rio de Janeiro.
Atenciosamente,
ROGÉRIO CORREIA - Deputado Estadual PT-MG
II Vice-Presidente da Assembléia Legislativa de Minas Gerais
Nenhum comentário:
Postar um comentário