07 fevereiro 2006

Em nota, deputado Rogério Correia confirma ter visto original da “lista de furnas”


Em nota divulgada nesta terça-feira (7), o deputado estadual de Minas Gerais Rogério Correia (PT) confirma ter visto a lista original que traz nomes de políticos que supostamente receberam ilegalmente verbas da estatal de Furnas.

Uma cópia deste documento está em poder da CPI dos Correios e sua autenticidade está sendo checada. A lista traz, entre outros, nomes como os dos tucanos José Serra e Geraldo Alckmin e do pefelista Jorge Bornhausen.

Na nota intitulada “Alerta: Por que não investigam valerioduto e dimasduto?”, Rogério Correia explica que, após ver o documento original, encaminhou cópia aos Ministérios Públicos Estadual e Federal e à Polícia Federal para apuração.

Correia cobra uma apuração rigorosa. “Faço eco à Revista Carta Capital desta semana, que sugere, na coluna "A Semana", que "a bem do país, tucanos e pefelistas deveriam explicar didaticamente por que os brasileiros têm de acreditar que Fidel Castro fez doações clandestinas à campanha de Lula e repudiar tanto a lista de Furnas quanto o documento que detalha um caixa 2 de mais de R$ 90 milhões na campanha do hoje senador Eduardo Azeredo ao governo de Minas em 199”.

Leia a íntegra da nota:

Belo Horizonte, 7 de fevereiro de 2006.

Alerta: Por que não investigam "valerioduto" e "dimasduto"?

Na condição de deputado estadual pelo PT de Minas Gerais, gostaria de prestar alguns esclarecimentos em relação aos chamados "valerioduto" e "dimasduto":

1. Em meados de agosto de 2005, fui procurado em meu gabinete pelo Sr. Nilton Monteiro, que trouxe até mim algumas denúncias. Não conhecia o Sr. Nilton anteriormente a este fato. Fui procurado pelo mesmo após a veiculação na imprensa da minha tentativa em instalar na Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais uma CPI para averiguar as influência das empresas de Marcos Valério nos órgãos públicos em Minas. Era de nosso interesse e competência, pois Marcos Valério e suas empresas são daqui de Minas e a própria Assembléia tinha contrato com uma delas (que já foi cancelado). Porém, não consegui as assinaturas necessárias para instalar a CPI;

2. Após o recebimento das denúncias, apurei a participação do Sr. Nilton no caso do afastamento do ex-governador do Estado do Espírito Santo, verificando que as informações repassadas por ele à ocasião foram de grande valia para esclarecimento daqueles fatos. Além disto, as informações cedidas a mim pelo Sr. Nilton aproximavam-se bastante de outras recebidas por meu mandato, via outras fontes;

3. Em relação às informações referentes à campanha de reeleição do então governador do Estado, Sr. Eduardo Azeredo, a Polícia Federal apurou que a assinatura do então coordenador financeiro da campanha, Sr. Cláudio Mourão, nos documentos é verdadeira. Os documentos atestam o uso de um caixa 2 de R$ 100 milhões na campanha, inclusive com recursos advindos de estatais como Cemig (R$ 1.673.981,90), Comig (1.500.000,00) e Copasa (1.500.000,00);

4. Como parlamentar, senti-me na obrigação de encaminhar as informações e denúncias por mim recebidas aos Ministério Públicos Estadual e Federal e à Polícia Federal, para que as mesmas pudessem ser apuradas;

5. Sobre o intitulado "dossiê Furnas", confirmo que vi o original e, de posse de cópia, adotei os mesmos procedimentos realizados no caso Azeredo, entregando os documentos aos Ministérios Públicos Estadual e Federal e à Polícia Federal para apuração;

6. Matéria publicada no Jornal Folha de São Paulo, na sexta-feira, dia 3 de fevereiro, informa que a assinatura do Sr. Dimas Toledo no "dossiê Furnas" foi "reconhecida por semelhança" pelo 15º Ofício de Notas do Rio de Janeiro. Segundo a matéria, o documento também foi autenticado em comparação com o original pelo 4º Ofício de Notas do mesmo Estado. O próprio jornal O Tempo publicou ontem, dia 6 de fevereiro, coluna do jornalista Elio Gaspari no qual este afirma que, em relação ao ex-diretor de engenharia de Furnas, "pelo menos duas pessoas que conviveram com ele juram tê-lo ouvido dizer, no final de 2002, que elegera três governadores, quatro senadores e mais de vinte deputados". Aliás, o ex-deputado Roberto Jefferson confirmou em depoimento à Polícia Federal ter recebido R$ 75 mil "por fora" de Furnas, valor idêntico ao relacionado no "dossiê Furnas";

7. Apesar destes diversos indícios que apontam a veracidade da lista, nem que seja parcial, grande parte da mídia mineira recusa-se a apurar os fatos, publicando matérias que procuram desmerecer e desqualificar as denúncias sem, ao menos, um prévio estudo. Sempre defendi a imprensa quando levanta questões que devem ser objeto de investigações. Respeito, por princípio, a liberdade de imprensa. Mas grande parte da mídia não se preocupa com a investigação prévia e com a veracidade dos pontos arrolados.

Se o dossiê é verdadeiro, somente perícia e apuração da Polícia Federal poderão confirmar, uma vez que a CPI do relator Sr. Osmar Serraglio anunciou hoje que poupará, mais uma vez, o "tucanoduto", talvez em nome de uma terrível pizza que aponta a ser assada.

Faço eco à Revista Carta Capital desta semana, que sugere, na coluna "A Semana", que "a bem do País, tucanos e pefelistas deveriam explicar didaticamente por que os brasileiros têm de acreditar que Fidel Castro fez doações clandestinas à campanha de Lula e repudiar tanto a lista de Furnas quanto o documento que detalha um caixa 2 de mais de R$ 90 milhões na campanha do hoje senador Eduardo Azeredo ao governo de Minas em 1998. Ou por que devemos dar mais crédito às denúncias do doleiro Toninho da Barcelona, condenado por diversos crimes, que às de Nilton Monteiro, sujeito controvertido, mas cujas acusações até agora não foram desmentidas pelos fatos".

Atenciosamente,

Rogério Correia
Deputado Estadual (PT-MG)
2º vice-presidente da Assembléia Legislativa do Estado de Minas Gerais

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