22 agosto 2006

Lula recebe apoio de mais de 100 artistas no Rio de Janeiro

Lula discursa para a classe artística na casa do ministro Gilberto Gil, no Rio de Janeiro. Abaixo, fala da atriz Tássia Camargo durante o encontro; e o cantor Zeca Pagodinho com o presidente e a primeira-dama, dona Marisa Letícia. Fotos: Ichiro Guerra.

Mais de 100 artistas das mais diversas categorias manifestaram o seu apoio à reeleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante encontro realizado na noite de segunda-feira (21) na casa do ministro da Cultura, Gilberto Gil, no Rio de Janeiro.

Apesar do clima foi informal, Gil ressoultou que não se tratou apenas de um encontro de amigos, mas de uma reunião de trabalho pela reeleição do presidente.

Boa parte do encontro foi dedicada ao debate sobre a política cultural do governo Lula, com os artistas manifestando o seu apoio à democratização da produção e do acesso à cultura.

“O Minc finalmente deixou de ser um ministério de burocratas para se tornar um ministério de artistas”, destacou o ator Sérgio Mamberti.

Já o teatrólogo Augusto Boal ressaltou a criação dos Pontos de Cultura, através do qual o governo distribui aparelhos multimídia para que comunidades registrem as suas atividades culturais. “O povo agora também é artista e pode fazer a sua própria arte”, afirmou.

A cantora Leci Brandão destacou o apoio do governo Lula à população negra, traduzida em ações como a criação da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, a regularização fundiária de comunidades quilombolas e o ProUni.

O ator Tônico Pereira, por sua vez, foi direto: “O povo está fechado com Lula. E eu fecho também”.

A cantora Alcione, a atriz Tássia Camargo, o produtor cinematográfico Luiz Carlos Barreto e o cartunista Aroeira foram outros artistas que manifestaram o seu apoio tanto à política cultural do governo quanto à reeleição de Lula.

Na sua fala, Lula relembrou que o seu primeiro contato com a classe artística brasileira aconteceu em 1985, quando arregimentava apoios para a campanha das Diretas Já.

E destacou que, no seu governo, a cultura passou por um vigoroso processo de valorização, que incluiu desde a criação de programas específicos até o aumento do orçamento do Ministério da Cultura e a ampliação dos recursos liberados através das leis de incentivo fiscal.

Mas Lula falou principalmente sobre o processo de mudanças em curso no Brasil, viabilizado após muito trabalho.

“Quando assumi o governo, o Brasil parecia uma casa semi-abandonada. Sei que as pessoas estavam ansiosas por mudanças rápidas, mas não foi fácil arrumar uma casa onde o risco-país batia recordes, a inflação crescia e o orçamento era limitado por dívidas e restos a pagar de dívidas”.

Para Lula, o governo já fez o mais difícil e, devido à conquista da estabilidade econômica e da eficiência dos programas sociais em curso, o Brasil tem tudo para crescer "de forma excepcional" nos próximos quatro anos.

Rebatendo a crítica de que criou ministérios desnecessários, Lula desafiou a oposição a apontar quais seriam esses ministérios e, num dos momentos mais aplaudidos do encontro, afirmou:

“O Brasil tem uma diversidade enorme. Não dava para continuar misturando esporte e turismo num mesmo ministério. Não dava para não ter secretarias especiais de promoção da igualdade racial e dos direitos da mulher. O governo do Brasil tem que refletir a pluralidade do Brasil”.

No final, em um momento de grande emoção, Lula chamou Wagner Tiso para seu lado e agradeceu o apoio que o músico mineiro manifestou ao seu nome, durante uma entrevista para o jornal O Globo, no auge da crise política.

O encontro reuniu personaliddes de cinema, teatro, moda, televisão e música. Entre outros, Fernanda Abreu, Zeca Pagodinho, Marcos Winter, Sandra de Sá, Paulo Betti, Luiza Brunet, José de Abreu, Letícia Sabatella, Rosemary, Jorge Mautner, DJ Marlboro, Jards Macalé, Amir Haddad e Sérgio Machado.

Também marcaram presença a ex-ministra Benedita da Silva e os ministros Tarso Genro (Relações Institucionais) e Luiz Dulci (Secretaria Geral da Presidência).

Elogios
Na saída do encontro, vários dos convidados declararam apoio a Lula durante conversa com os jornalistas.

"Algumas coisas criaram dúvidas na gente. O que aparece são as coisas ruins, mas muitas coisas boas aconteceram e a esperança nasceu de novo", disse o cantor e compositor Geraldo Azevedo aos jornalistas.

Segundo a sambista Alcione, o presidente mostrou as coisas que está pronto para conquistar em um eventual segundo mandato. "Temos mais é que votar nele e é o povo brasileiro que vai elegê-lo. Lula é uma pessoa verdadeira e ninguém engana o povo."

O teatrólogo Augusto Boal foi um dos que mais se ateve à questão cultural. Ele disse ter sido inicialmente contra a escolha de Gilberto Gil, anfitrião do encontro, para o Ministério da Cultura, pois achava a função muito administrativa. Mas mudou de opinião.

"O melhor achado no terreno da cultura foi o convite para o Gilberto Gil ser o ministro. Sempre falávamos que o povo precisava ter acesso à cultura, mas é preciso também que o povo mostre sua cultura, e Gil fez isso com os Pontos de Cultura", disse, em uma referência aos centros culturais criados pelo ministro.

O produtor de cinema Luiz Carlos Barreto disse que a reunião foi acima de suas expectativas e que Gil prometeu ampliar a ação cultural do governo.

"Ele anunciou a criação do tíquete lazer e cultura, semelhante ao tíquete alimentação a ser distribuído pelas empresas com base na Lei Rouanet (que garante incentivos às empresas que patrocinam produções e eventos culturais)."

Segundo Boal, entre 40 e 50 mil pessoas vão receber o tíquete. "Isso é transcendental em termos de cultura, é uma idéia luminosa que abre caminho para a cultura ser uma indústria auto sustentável.

A atriz Letícia Sabatella apontou o encontro como a melhor oportunidade para colher informação confiável. "Pela campanha em si, é mais difícil", disse. "Todos nós passamos por um momento difícil, mas entendemos que esse é o começo de um processo político", avaliou a atriz.

Já Wagner Tiso defendeu intransigentemente o governo e falou sobre a necessidade de uma reforma política.

"Ele (Lula) tem que costurar apoios e colocar a ideologia dele", afirmou, acrescentando continuar eufórico com o governo Lula. "Lutei muitos anos pela maturidade do PT. Estou indignado com os indignados."

O cantor Zeca Pagodinho fez uma das defesas mais enfáticas de Lula. "Ele encontrou o bagulho entupido. Para desentupir leva tempo", afirmou.

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